sábado, 29 de agosto de 2015

De volta ao ciclismo urbano


Duas semanas depois de voltar ao trabalho, a rotina começa a ser algo de normal e não o sacrifício dos primeiros dias. Quando o despertador toca já não achamos que o demónio está a bater-nos à porta e as viagens de comboio já não são o local de combater os nossos pensamentos sobre "tão bom que era começar as férias hoje..."
Embora estar sem as preocupações do trabalho na cabeça, a rotina diária de voltar ao emprego tem as suas coisas boas. Não digo com isto que me importava novamente de estar de férias, não me interpretem mal :)

E porquê este desabafo? Achei que era uma forma interessante de enquadramento para um episódio que ocorreu... onde? No trabalho claro está! (eu e a minha mania de escrever como se alguém me estivesse a responder :P)

Na segunda semana de trabalho, já me sentia mais desenferrujado e andei todos os dias na Torah. Dois deles fui para LX, os outros três para a estação de CSC.
NOTA - Foi a primeira vez que fiz uma semana completa (dias úteis) a ir de bike. Devo acrescentar também que no Domingo anterior tinha andado com o pessoal do costume na serra. Contas feitas, são 6 dias consecutivos!

Na terça, primeiro dia que levei a Torah para LX, na ida habitual aos balneários para trocar de roupa antes do meu regresso a casa, encontrei um senhor lá que também tinha o capacete e a garrafinha de água habitual de quem pedala. Não sei bem como a conversa começou (algo sobre ficarmos sem ligação à net no escritório), mas disse a certa altura: "É bom ver que não estou sozinho..."
E ele contou-me a história sobre estar de bicicleta. Por tópicos é algo assim:
  • Queria fazer exercício mas não achava particular piada a correr;
  • Estava farto das infames e constantes greves do metro;
  • A esposa e o filho tinham bikes novas, ele ficou com a antiga da esposa e decidiu dar-lhe uso;
  • Poupança monetária ao final de um ano (não comprando o passe) que lhe permitia comprar uma bike melhor;
  • Bem estar.
Ao ouvir isto, foi-me impossível não me identificar com a história. Embora com algumas diferenças, o que nos motivava era o mesmo!
Ele esperou que eu terminasse de me equipar e seguimos os dois até ao parque onde tínhamos as nossas princesas de ferro (para outro poderão ser de carbono mas nós ainda não chegamos a esse ponto).
Quando vi a bike dele, ainda mais me identifiquei! Tal como eu, tem uma bike básica, sem nada de peças espectaculares que a façam voar ou bater recordes de velocidade. Apenas uma simples e singela BTT que nunca nos deixa mal e nos leva a todo o lado! Cada um seguiu o seu caminho. Eu fui com o sorriso na cara de ter encontrado alguém que, tal como eu, começou do zero, sem medos e arriscou em atirar-se para esta vida de duas rodas.

Dois dias depois, no segundo dia que levei a Torah para LX, no momento de voltar para casa, novamente no balneário, lá estava novamente o senhor, a equipar-se para pedalar após mais um dia de trabalho. Cumprimentou-me e logo lhe perguntei:
"Afinal de contas estivemos a falar um bom bocado e nem nos apresentamos...". E ele respondeu: "É verdade. O meu nome é J!"
"Ah é?! Então de certeza que és boa pessoa!", disse eu animado por saber que tínhamos o mesmo nome :)
Falamos mais um bom bocado, trocamos algumas informações sobre as nossas áreas de actuação na empresa e sobre os progressos que ele tinha feito nos últimos dias:
"Já noto alguma diferença. O primeiro dia é o pior, depois disso, o tempo que demoro tem reduzido. E dá-me gozo fazer isto!"
Para quê dizer mais... Está tudo dito!

Acredito que nos vamos encontrar muitas mais vezes. E este foi apenas mais um conhecimento que travei. É impressionante ver a facilidade que as duas rodas têm para que completos estranhos comecem a falar do nada...

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