Anunciado há muito, o nocturno de São Silvestre é um clássico que se repete todos os anos pela altura do Natal. Trata-se de um passeio nocturno organizado pela Fidal Bike do Barreiro que pretende juntar os amantes do BTT numa causa solidária de apoio aos mais carenciados. A inscrição era de apenas 2€ e um bem alimentar para uma instituição de caridade.
O percurso ronda os 30km, sendo uma parte em cidade (Barreiro) e outra em terra (Mata da Machada).
Antes de nos pormos ao caminho, conheci dois dos elementos que iriam estar no grupo. Enquanto fazíamos a prova de vinhos, o N.C. (que além de enólogo é amante das duas rodas) juntou-se a nós e entretanto chegou também o A.C., pai dos dois que já estavam comigo. Com muitos mais km nas pernas que eu, o A.C., com a sua idade já respeitável, é um exemplo perfeito de como o andar de bicicleta não tem idades. Quem me dera a mim chegar aquele nível, com a boa disposição e forma física que tem. Um verdadeiro senhor! Para não falar da sua enorme simpatia!
A caminho do local de encontro, juntou-se a nós mais uma pessoa da qual muito tinha ouvido falar mas que ainda não conhecia pessoalmente: O B.B. Pelo que o P.C. me foi falando ao longo da minha evolução, também o B.B. começou do zero, passou a usar a bicicleta como meio de transporte para o trabalho e tornou-se num amante das duas rodas. A nossa história é mesmo muito parecida!
Chegado ao ponto de encontro, fiquei boquiaberto. Nunca tinha visto tantas bicicletas juntas, muito menos à noite. Verdade seja dita, também nunca tinha ido a um evento do género.
Fizemos a inscrição e aguardamos pela partida. Nesta altura chegava o ultimo elemento da equipa, o P.J.
Tiramos a bela da foto de grupo antes do arranque e tudo estava a postos para a loucura de 30 km feitos em conjunto com montes de pessoas :)
Claro que as coisas correm de forma bem diferente do que imaginei...
Na hora da partida, reparamos que o B.B. tinha ficado onde tínhamos estacionado para a inscrição. Tudo e todos arrancaram, o que demorou uns belos 5 minutos (não fossem cerca de 1000 :P). Eu e o P.C. fomos ver o que se passava e deparamos com o B.B. atarefadíssimo de volta da roda. Clássico! Furo antes de arrancar...
Acho que nunca tinha participado numa troca de câmara de ar tão rápida como esta. Eramos três de volta da bike, cada um com um detalhe, tal e qual um pit stop de um F1!
Ainda conseguimos dar umas pedaladas valentes e apanhar o final do pelotão da confusão...
Estava tudo ok e estávamos de volta ao grupo, como se nada tivesse passado... ou não...
Cerca de 500 mais à frente, depois de já estarmos reunidos com o resto do nosso grupo, o B.B. parou novamente... Ora não é que o raio da roda da frente estava novamente vazia?! Pois é...
Paramos em frente a um café que ainda estava aberto àquela hora porque as câmaras de ara suplentes tinham acabado... Como ele tinha roda 26, mais ninguém o podia ajudar e o P.C. já tinha fornecido a dele.
Tivemos logo a noção de que iríamos ficar para trás, afastados do grupo e sem saber por onde eles iam (o percurso não é disponibilizado, seguimos alguém da organização). Ficaram novamente os mesmos três parados, desta vez com a necessidade de fazer um remendo...
Roda desmontada, um foi ver onde estava o furo (entrou pelo café a pedir para verificar) enquanto os outros ficaram a rever o pneu e onde estavam os remendos... Mão dentro do pneu e encontramos o culpado! Então não estava um pionés espetado lá?! Bem podíamos continuar a trocar câmaras de ar e a por remendos que aquilo havia sempre de furar. Belo do erro da pressa em não confirmar o que tinha causado o primeiro furo... CÊPOS! E sim, estou a falar de mim... Qualquer um de nós devia de ter pensado nesse passo básico ao ter um furo...
Passado cerca de 15 minutos, entre verificação de furo, remendar, encher e montar, lá nos metemos novamente a caminho, sozinhos, pelas ruas do Barreiro...
A aventura estava apenas agora a começar...
Agora que estávamos em total condição de continuar, estava na altura de descobrir onde estava o resto do pelotão. Eramos as únicas três almas penadas que estavam atrasadas...
O P.C. ligou para o irmão que tinha seguido com o grupo para descobrir onde estavam. E foi ficando para trás... Sim, porque falar ao telemóvel enquanto se anda de bicicleta, no meio da cidade, não é uma tarefa propriamente simples. Eu e o B.B. íamos devagar e desacelerando para que ele não nos perdesse de vista e não ficarmos ainda mais separados do que já estávamos.
Passados uns minutos, lá soube onde estavam. Tínhamos de acelerar para apanhar o grupo antes de entrarem na mata da machada sob pena de não conseguirmos mesmo encontra-los!
Atalho sobre atalho (digo eu porque não conheço absolutamente nada daquela zona), passamos por vias rápidas, zonas residenciais, zonas onde não se via nada e zonas onde ao fundo conseguíamos ver as luzes azuis dos carros da policia (sinal de que nos estávamos a aproximar).
Mais um esforço, atalhos e mais pedaladas e encontramos todo o grupo parado num cruzamento, para reagrupar com os mais atrasados. Custou mas conseguimos apanha-los usando caminhos alternativos. Esperamos que o grupo arranca-se e eventualmente o resto dos elementos com que estávamos haviam de passar por nós. Assim aconteceu. Estávamos todos reunidos e a aventura podia continuar. Admito agora que em certa altura temi que não os conseguíssemos apanhar...
Quanto mais andava, mais tinha a noção da dimensão do encontro. Viam-se pessoas de todas as idades, classes sociais. Naquela altura, os elitistas das duas rodas juntavam-se aos ciclistas de fim de semana e aos que andam uma vez por ano.
Entramos mata dentro e no meu "habitat natural". Tinham-me alertado para a areia que iríamos apanhar e para a falta de luminosidade . Como se não bastasse o cerrado de árvores à nossa volta, a lua não estava cheia e o tempo mesmo muito nublado.
Sempre que existia algum obstáculo no trilho ou uma secção complicada de areia, estava sempre alguém da organização a indicar esse facto, apontando as suas luzes para o trilho e dando indicações da melhor forma de passar.
Trilho fora, fomos papando quilómetros, sempre a pensar quando começaria a chover, dado que as previsões climatéricas não eram as mais animadoras...
Saímos da mata e com isso chegava também o abastecimento. Era a oportunidade de juntar todo o grupo e recarregar baterias. Estava à nossa espera um grande chá quente e bolo rei. Eu que não gosto de todo deste bolo, comi-o com uma satisfação fora do normal! E o chá?! Não havia melhor bebida para a ocasião!
Passados 30 minutos, estava na hora da segunda parte, que era bem mais curta e que ocorria apenas em cidade. O P.C. aproveitou para e mostrar alguns locais da cidade por onde passávamos, enquadrando-me da sua história. Pai e irmão juntaram-se a nós para fazer o mesmo e gomos trocando impressões até ao fim do trajecto.
No local da partida, onde também terminava o passeio, estava à nossa espera o caldo verde. Dada a dimensão do encontro, a fila era colossal e a espera iria ser longa. Desistimos da ideia e seguimos a caminho de casa...
Depois de parar, desmontei a Trailrock, pu-la no carro, despedi-me de todos e arranquei rumo a Cascais.
Foi preciso arrancar para começar a chover... Muito! Desta vez correu bem a nível meteorológico, vamos a ver como é no próximo ano :)
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