segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O ataque do Fantasma - O inevitável aconteceu


8:30 da manhã, hora habitual da passeata semanal com o grupo do costume. Encontramo-nos em minha casa e seguimos até à serra de Sintra para o offroad.
Estava uma bela manhã, pouco vento e o sol a brilhar...

"E se fossemos em direcção ao lado oeste, para fazermos novos trilhos? Depois apanhamos a estrada e praticamos essa parte também já que vamos a Peniche daqui a dois meses".

Todos concordaram e prosseguimos por terra, sempre a subir, como é sempre a primeira hora e meia.
Como sabíamos o sentido que teríamos de tomar, fomos seguindo trilhos nessa direcção, a maior parte deles onde nunca tínhamos passado...

" Por mim seguimos por aqui. Este caminho decerto que vai descer todo o vale e vai dar à Malveira" - disse o Pai, sempre "confiançudo" no seu sentido de orientação.
"Single track potente! Sigaaaaa!" disse eu, feliz por estar a passar em locais novos.

Sim, estava contente com o aspecto do trilho e decerto que seria exigente. O pouco que conseguia ver para a frente era promissor (a vegetação ia ficar densa passado 50 metros).
Ao começar a descer, eu vinha em ultimo, começo a ouvir os avisos de que vinha à frente, porque o caminho piorava drasticamente e ia ficar mais estreito. Para além de ser um single, a vegetação à volta era igualmente estreita...

O M.S. disse que eu e o meu Pai éramos loucos, que ia parar e seguiria a pé. Realmente o trilho estava rapidamente a tornar-se em DH. Lá arranjou um local em que se podia encostar para eu poder passar por ele.
As condições pioravam a cada metro, com mais rocha, vegetação mais densa e piso cada vez mais escorregadio.
Prossegui mais uns metros, quase sempre de roda traseira bloqueada e a controlar a velocidade com o travão frontal. Nestas circunstâncias, diz a teoria, que é assim que o temos de fazer.
"Ah... Está aqui uma árvore caída... Temos de passar por cima".
Nesta fase digamos que estávamos literalmente no meio do mato... Fizemos um cordão para passar as bikes comigo em cima da árvore e mais um de cada lado para a passar para mim e a receber do lado seguinte.

A galhofa estava em grande, mesmo depois de já estarmos bem arranhados das silvas que pretendiam agarrar-se a nós a cada centímetro que percorríamos...

Seguimos viagem, com o trilho cada vez em piores condições... Até que aconteceu o inevitável...

Numa descida mais íngreme, o nível de aderência era precário. A roda traseira completamente atravessada no trilho, mas controlada... Até que na curva seguinte surge uma pedra (leia-se grande) escondida e pronta para fazer o seu trabalho. Todo de lado a curvar para a esquerda, a minha roda da frente bate na rocha e eu perco o controlo... Ainda fui com o pé direito ao chão assim que ela endireitou mas a parte direita do trilho tinha um desnível para um riacho, dois metros abaixo...
Como o pé nada atingiu, lá fui eu desamparadíssimo para o chão, levando toda uma parede de silvas comigo. A Mão e braço direito foram à frente para amortecer a queda mas, tal como para o pé, o desnível fez com que fosse de "lombo" ao chão, totalmente desamparado. 
O que me parou, infelizmente, foi uma rocha que atingi mesmo com as costelas direitas... Posso dizer que a dor foi bem violenta e que o choque foi brutal!

O M.S. que vinha atrás de mim com a bike pela mão assistiu a tudo e gozou logo no momento! Até eu soltar um uivo de dor por me ter tentado mexer e a sentir as silvas a rasgarem-me a pele das pernas e dos braços.
Ficou logo preocupado porque tinha sido mais grave do que parecia. Todo o meu peito doía horrores e fiquei ali deitado um minuto antes de me voltar a mexer. Conseguia respirar bem, com algum desconforto mas podia fazê-lo... Ao levantar-me iria perceber se era ou não grave...
Pus-me a pé, com orgulho ferido da queda e com as costelas inteiras. A risota começou novamente e 20 asneiras depois vi que estava apto para prosseguir.
O trilho continuou por mais um km, com progressão lenta dado o estado hardcore em que se encontrava.

Uns quilómetros à frente, quando paramos para recarregar baterias e repor os níveis de água, verificamos se estava identificado no Strava. Nem vê-lo! Era o trilho fantasma, nome com o qual ficará conhecido daqui para a frente.



No final do percurso estava moído, dorido e a precisar de dar uma valente limpeza na Trailrock. Embora o tempo estivesse bom, dado que grande parte dos trilhos eram cerrados, não estão ainda livres de água e lama deixadas pelas chuvas fortes da semana anterior...
No dia seguinte, segunda-feira e altura de ir para o trabalho, escrevo este post, com bastantes dores, principalmente de orgulho mas também físicas. A queda foi feia e vou ficar com mazelas durante o resto da semana.
A noite foi má, não tinha posição para estar mas o Voltaren pomada e uns pensos para lesões que tinha em casa ajudaram.

Mas isto faz parte e apenas acontece a quem se mete lá no meio. Voltaria a fazer tudo de novo! E como parar é morrer, esta manhã, 24h depois, pus-me na bike e pedalei para a estação.
Foi mais um susto que outra coisa. Estarei atento aos próximos dias para ver a evolução mas quase de certeza que não será nada grave :)

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