terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Uma visita de um velho (e inconveniente) amigo


Prior Velho... Um local que conhecia apenas de nome... Sabia que era uma das zonas que via quando olhava pela janela ao levantar voo na Portela. Mas nunca cá tinha vindo...
Desde dia 1 de Fevereiro que mudei de escritório e vim para esta zona. Desde essa altura que a Utopia foi descansar (desmontada) e que será (algures no tempo) recuperada e atualizada para a versão 0.4.

E o quê que tudo isto tem a ver com visitas inesperadas? Vamos por partes..

Lembram-se do problema no carro e os atrasos sucessivos no arranjo, incluindo um motor novo? Era bom que tivesse ficado resolvido... Na verdade até ficou mas um mal nunca vem só... É que o Murphy andou comigo na escola e gosta de me visitar de tempos a tempos. Não que tenha mal ser agradado com visitas inesperadas de velhos conhecidos que estiveram connosco nos piores momentos. Mau é quando sabemos que essas visitas significam problemas...

Se o motor ficou ok, agora é a admissão de ar. Pelo menos é o que eu acho (todo eu sou skill em mecânica de carros - NOT) e que provavelmente não faço ideia.
Posto isto, novo agendamento com a oficina, novo pedido de reboque para o transportar e novos custos não previstos a assombrarem os planos que tinha.

As consequências são imediatas! A Pikena volta a ir de transportes para o trabalho, eu tenho de atrasar o desenvolvimento da Utopia e tenho de voltar a ter passe pelo menos durante um mês.
Isto até que não me chatearia muito se estivesse a trabalhar no Oriente. Um mês de metro não era assim tão mau, depois de o ter feito por mais de quatro anos (menos o tempo que estive em Angola)... Estamos a falar do Prior Velho, já no concelho de Loures, onde não há metro e poucas alternativas de autocarro... Era a confirmação que pelo menos durante um mês tinha de fazer o trajeto integral do 781! Cais do Sodré <-> Prior Velho! Em dias bons, estou a referir-me a uns infernais 40 min num autocarro! Não me interpretem mal, sou totalmente adepto da sua existência mas depois de andarmos diariamente de bicicleta para o trabalho, todas as viagens em transportes públicos nos parecem "apertadas". E o pior é que em 2 semanas já tive três incidentes, totalmente distintos! Um dos dias o autocarro estava tão cheio que as pessoas não conseguiam entrar (muito menos fazer o trajeto em segurança), no outro ficamos sem porta frontal e o percurso terminou no Terreiro do Paço (tive de ir de taxi depois do atraso enorme que ja havia) e por ultimo (o que está a ocorrer enquanto escrevo isto), simplesmente vamos parar em St. Apolónia só porque sim... "Então e porque?" perguntei eu por não estar habituado a estes procedimentos... "É o que diz lá fora não é?" Foi a resposta que tive do motorista, com uma entoação de "Todos me devem e ninguém me paga!" Afinal de contas a questão é totalmente fora do âmbito do seu trabalho. São pagos apenas para nos levarem do ponto A ao ponto B, por um percurso pré-definido...
Não consegui responder... Não por me ter acanhado ou porque compreendi mas simplesmente por ter ficado chocado... Mas tudo bem, o senhor devia estar a ter um dia mau e não ia piora-lo. Reduzi-me à minha insignificância e fui para um lugar bem no fundo do autocarro para escrever isto no telemóvel, enquanto ouço a minha dose diária de synths, linhas de baixo e kicks ("ai musica, o que seria de mim se não fosses tu...")


Depois de tanto texto, ainda apenas estou no Braço de Prata...

Onde é que eu ia?! Ah! O Murphy! Esse grande maluco!

Estamos em Fevereiro... E tenho a noção que o tempo é suposto ser frio, chuvoso, etc. É Inverno, normal! Mas sinceramente... Já que não posso comprar o kit eléctrico até saber o valor do estrago (leia-se o que vou pagar na oficina), ao menos que possa avançar com a pintura da Utopia, com a limpeza do resto das peças e essas coisas que me ajudam a descomprimir... Mas não... "Bota mais chuva pa cima porque as formigas têm de se ir abrigar para o armário dispensa lá de casa... Mas olha... Com cumprimentos do Murphy!"

E cheguei a St. Apolónia... que trocar de autocarro e prosseguir com o trajeto, 10 min depois, após um atraso de 20 min no arranque do Prior Velho...

As formigas, minhas vizinhas do jardim, são umas porreiraças! São limpinhas, cumprem com as tarefas de comer as migalhas quando as sacudo da toalha para o jardim e vivemos em harmonia. Mas nesta altura do ano fritam a pipoca e lá tenho eu de me chatear, limpar os armários e enche-los de pesticida. Lindo e maravilhoso!

Mais de duas horas depois, lá consegui chegar a casa e concluiria o post na manhã seguinte...

Ficamos por aqui? Ainda não porque ao chegar a casa havia mais uma... Acabei por escrever quando fui para a cama - sempre a trocar os planos - enquanto a Pikena dormia e eu estava com o portátil no colo... Não podia esperar para publicar isto :)

"Mooooor... Estamos sem gás... Como fazemos amanhã para tomar banho?" Lá fui eu verificar se tínhamos alguma botija de reserva... Estava lá pimpona e reluzente à minha espera, aguardando impacientemente para a ligar...?

... preciso mesmo de responder ou já perceberam?

Lá fui eu, aceitando que o dito cujo Murphy tinha decidido passar o dia comigo, e que ia continuar a acompanhar-me durante a noite também, como aquele amigo incómodo que não sai da vossa casa depois de ter bebido demais, que fica chato e não percebe que são 3 da manhã de uma quarta-feira, quando têm de estar a pé passado 4 horas porque trabalham cedo...

Chegado à bomba de gasolina, depois de já ter aceite que não ia fazer nada do que tinha planeado, diz-me a senhora "Estamos em fase de jantares. Estou sozinha e tenho de esperar pelo meu colega para abrir os cadeados das botijas... Ele chega daqui a 15 minutos..." Nem disse nada, sorri e disse que esperaria esse tempo, como quem já estava a adivinhar que algo assim ia ocorrer...

Resumindo e baralhando, que isto já vai longo... Irão haver atrasos, passarei um mês inteiro a stressar com autocarros e a ver a Utopia esventrada sem poder fazer nada... Resta-me levar as coisas "numa boa" e pensar que a Primavera vem aí... E com ela as passeatas sem luzes, casacos ou impermeáveis... Melhores tempos virão... Até o velho (e inconveniente) amigo decidir voltar a fazer uma visita..

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